Saudades daquela época que eu era criança e a família se reunia aos domingos na casa dos meus avós maternos. Numa ponta da mesa, meu avô, na outra, meu tio solteirão, e de cada lado uma família, a família S e a família K.
Era gostoso demais, mas esta época se foi, as crianças cresceram, tornaram-se adultas, casaram, e umas tiveram os seus filhos, netos, ao passo que eu e meu irmão seguimos solteiros, eu o "tio" solteirão.
Daquela época ainda estou na companhia de minha mãe que amo demais, e meu irmão e sua companheira.
Arrependo-me do que não fiz, assim como de não ter feito a minha família, e acho que agora é um pouco tarde para estas coisas.
Ainda daqueles encontros na casa de meus avós maternos, lembro de uma certa vez, que após o almoço, atravessei o pátio que unia nossas casas e fui conversar com ele, e acabamos jogando pauzinhos, jogo com palitos de fósforos, três na mão dele, três na minha. A gente apostava, sem dinheiro, em um número, a soma do que tinha na mão dele com o que tinha na minha, e quando um acertava, diminuía-se um pauzinho na mão do vencedor, e fui jogando com ele e acabei me esquecendo que tinha aula no colégio.
Foram-se aqueles tempos dos almoços em família, da presença de meu pai no portão da frente da casa, dos conselhos do meu tio solteirão, das conversas com meus tios da família K, meus avós, hoje todos nos braços de Deus e em nossas lembranças.
E posso dizer que hoje nada mais é como foi um dia, a família diminuiu, e os outros seguiram seus passos, ficou um vazio, vazio que eu sinto muito, porque uns dão muito valor a família, eu, e outros fazem a sua e buscam o espaço próprio.
Coisas boas, coisas nem tão boas, mas lembranças, algumas que eu não vou esquecer.